VI JESUS CRISTO DESCER À TERRA
Num
meio-dia de fim de primavera
Tive
um sonho como uma fotografia.
Vi
Jesus Cristo descer à terra.
Veio
pela encosta de um monte
Tornado
outra vez menino,
A
correr e a rolar-se pela erva
E a
arrancar flores para as deitar fora
E a
rir de modo a ouvir-se de longe. (…)
Ele
mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele
é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele
é o humano que é natural,
Ele
é o divino que sorri e que brinca.
E
por isso é que eu sei com toda a certeza
Que
ele é o Menino Jesus verdadeiro. (…)
A
Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me
uma mão a mim
E a
outra a tudo que existe
E
assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando
e cantando e rindo
E
gozando o nosso segredo comum
Que
é o de saber por toda a parte
Que
não há mistério no mundo
E
que tudo vale a pena.
Alberto Caeiro,
in
"O Guardador de Rebanhos - Poema VIII"
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