terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Poema da semana de 29 de janeiro a 2 de fevereiro






  

Liberdade

— Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.

— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.

Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome. 

Miguel Torga, in 'Diário XII' 

Assim é que é!...


segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

VIDA E OBRA DE AURÉLIA DE SOUSA


https://speakerdeck.com/bibliocre/aurelia-de-sousa



SEMANA DAS HUMANIDADES

Poema da semana de 22 a 26 de janeiro
















     NÓS SOMOS

Como uma pequena lâmpada subsiste
e marcha no vento, nestes dias,
na vereda das noites, sob as pálpebras do tempo.

Caminhamos, um país sussurra,
dificilmente nas calçadas, nos quartos,
um país puro existe, homens escuros,
uma sede que arfa, uma cor que desponta no muro,
uma terra existe nesta terra,
nós somos, existimos

Como uma pequena gota às vezes no vazio,
como alguém só no mar, caminhando esquecidos,
na miséria dos dias, nos degraus desconjuntados,
subsiste uma palavra, uma sílaba de vento,
uma pálida lâmpada ao fundo do corredor,
uma frescura de nada, nos cabelos nos olhos,
uma voz num portal e a manhã é de sol,
nós somos, existimos. (…)

          António Ramos Rosa in Sobre o Rosto da Terra

Assim é que é!...


terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Poema da Semana de 15 a 22 de janeiro 2018










Como é que tu vês o mundo dos teus dezassete anos?
É uma galáxia de muitas cores, um poliedro, um caleidoscópio
e também uma barca com uma lâmpada secreta
e um país interior de surpresas e sonhos e nuvens
de florestas verdes de montanhas de neve de mares obscuros
e no teu corpo germina o desejo de uma dança
em torno de uma árvore onde o sol espreita
tu pertences ao mundo e tudo o que respiras
flui no teu sangue e no teu ser se transforma
A verdade de tudo é mistério de uma nascente do teu corpo
tu não estás separada de ninguém no espaço da tua vida
tu és o centro de um círculo que é o mundo inteiro.

António Ramos Rosa, in Os signos da amizade

Assim é que é!...


terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Assim é que é!...


Poema da semana de 8 a 12 de janeiro de 2018

CÁ FORA
“Abre a porta e caminha
Cá fora
Na nitidez salina do real”

Sophia de Mello Breyner Andresen, Musa


LIVROS E FILMES


Romance histórico situado na segunda metade do século XIX, O Leopardo conta a fascinante história de uma aristocracia siciliana decadente e moribunda, ameaçada pela aproximação da revolução e da democracia. O enredo dramático e a riqueza dos comentários, o contínuo entrelaçar de mundos públicos e privados e, sobretudo, a compreensão da fragilidade humana impregnam O Leopardo de uma particular beleza melancólica e de um raro poder lírico, consagrando-o como uma obra-prima da literatura.
Durante o conturbado processo de unificação italiana na Sicília, o príncipe Don Fabrizio passa a simpatizar com os ideais socialistas, mas não gosta da ideia de perder seu prestígio e privilégios.
Data de lançamento: 7 de outubro de 1963 (Portugal)
Direção: Luchino Visconti
Autor: Giuseppe Tomasi di Lampedusa
Música composta por: Nino Rota
Prémios: Palma de Ouro, entre outros
Elenco: Claudia Cardinale e Alain Delon, Burt Lancaster. Terence Hill
Duração: 3h 25min