Poema da Eterna Presença
Estou, nesta noite cálida, deliciadamente
estendido sobre a relva,
de olhos postos no céu, e reparo, com
alegria,
que as dimensões do infinito não me
perturbam.
(O infinito!
que vai desde o meu cérebro aos dedos
com que escrevo!)
O que me perturba é que o todo possa
caber na parte,
que o tridimensional caiba no
dimensional, e não o esgote.
O que me perturba é que tudo caiba
dentro de mim,
de mim, pobre de mim, que sou parte do
todo.
(…)
António Gedeão, in 'Poemas Póstumos'