terça-feira, 2 de outubro de 2018

IN MEMORIAM

José Saramago foi o único escritor português galardoado com um prémio Nobel e, pelo prestígio e afirmação crescentes da sua obra, desde há anos que faz parte dos programas de Português do Secundário sendo obrigatório o estudo de “Memorial do Convento”, provavelmente a sua obra mais emblemática.
Escritor e ativista, humanista por vocação e atitude, a singularidade da sua obra não só espelha a sua visão do mundo e dos homens como projeta, ao mais alto nível, a língua portuguesa.
Em 1997, ano anterior ao da atribuição do Prémio Nobel e em que comemorou 50 anos de atividade literária, a Biblioteca da ESAS assinalou a efeméride aproveitando as atividades de incentivo à leitura integradas na sua Feira do Livro anual.
Por esse motivo, foi solicitado a José Saramago um texto alusivo, que servisse de motivação à leitura, explicando também o que desejava fazer e o espaço que lhe seria dedicado. Prontamente e com a antecedência desejada, Saramago respondeu. Esse texto, que foi mote de tudo o que se realizou naquele ano – da promoção/divulgação, à iconografia utilizada, até às atividades promovidas – é novamente recordado com o destaque que merece. É que Saramago faz agora parte desse céu estrelado que nos convidava a olhar…

“ A razão por que se abre um livro para ler é a mesma por que se olham as estrelas: querer compreender. Mas não há nenhuma lei que obrigue as pessoas a levantar os olhos para o espaço ou a baixá-los para esse outro universo que é uma página escrita. Não há gosto sem curiosidade nem curiosidade sem gosto. Ler é uma necessidade que nasce da curiosidade e do gosto. Se não tens gosto nem curiosidade, deixa os livros em paz, porque não os mereces. Sempre haverá alguém para abrir comovido um livro, para querer saber o que está por trás das aparências. Cada livro é uma viagem para o outro lado.” 
                     José Saramago (Maio de 1997)

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