quinta-feira, 1 de julho de 2021

PNL - Um livro por semana

 Um livro … sobre a beleza das coisas.



 As mais belas coisas do mundo é uma leitura para pequenos e graúdos.

 

“O meu avô sempre dizia que o melhor da vida haveria de ser ainda um mistério e que o importante era seguir procurando. Estar vivo é procurar; explicava.
Quase usava lupas e binóculos, mapas e ferramentas de escavação, igual a um detective cheio de trabalho e talentos. Tinha o ar de um caçador de tesouros e, de todo o modo, os seus olhos reluziam de uma  riqueza profunda. Percebíamos isso no seu abraço. Eu dizia: dentro do abraço do avô. Porque ele se tornava uma casa inteira e acolhia. Abraçar assim, talvez  porque sou magro e ainda pequeno, é para mim um mistério tremendo.”

in As mais belas coisas do mundo (2019), Porto Editora




As ilustraçóes são do artista Nino Cais


“Nesse tempo, meu avô perguntou quais seriam as mais belas coisas do mundo. Eu não soube o que dizer. Pensei  que poderiam ser os filhotes de cão, alguns gatos, o fim do sol, o verão inteiro, o comportamento dos cristais, a muita  chuva, a cara das mulheres, o circo, os lobos, as casas com chaminé, o cimo da montanha, a nuvem que vimos igualzinha a um avião, o quadro pintado pendurado na sala perfeitinho, mesmo que as árvores inclinassem um bocado tortas.
Pensei que as mais belas coisas do mundo haveriam de ser amarelas e as vermelhas.
Ele sorriu e quis saber se não haviam de ser a amizade, o amor; a honestidade e a generosidade, o ser-se fiel, educado, o ter-se respeito por cada pessoa. Ponderou se o mais belo do mundo não seria fazer-se o que se sabe e pode para que a vida de todos seja melhor.
Pasmei  diante do seu conceito de beleza.
Ele incluia os modos de ser; esses ingredientes complexos que compõem a receita do carácter ou da personalidade, a maneira um pouco inexplicável como somos e sentimos.”

in As mais belas coisas do mundo




“Para a beleza é imperioso acreditar. Quem não acredita não está preparado para ser melhor do que já é. Até para ver a realidade é importante acreditar. A minha mãe disse que eu virei um sonhador. Para mudar o mundo, sei bem, é preciso sonhar acordado. Apenas os que desistiram, guardam o sonho para o tempo de dormir.”

in As mais belas coisas do mundo







“Num ano de introspeção, o escritor Valter Hugo Mãe mergulhou a fundo nas memórias do passado para escrever o seu livro mais pessoal e intimista - Contra Mim - onde revisita a infância e adolescência para verificar a que distância está do que se prometeu e sonhou”. Leia o artigo completo  e ouça o podcast no Jornal Expresso.

O Prémio Literário José Saramago, criado um ano após a atribuição a Saramago do Nobel da Literatura, consagra o talento de autores com menos de quarenta anos. São eles os Herdeiros de Saramago, protagonistas desta série documental com autoria de Carlos Vaz Marques e realização de Graça Castanheira. Onze vozes muito diferentes entre si, de proveniências distintas, com um elo em comum: a recriação literária da língua portuguesa.

Valter Hugo Mãe é um dos Herdeiros de Saramago.



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