Não posso adiar o amor para outro século
Não
posso adiar o amor para outro século
não
posso
ainda
que o grito sufoque na garganta
ainda
que o ódio estale e crepite e arda
sob
montanhas cinzentas
e
montanhas cinzentas
Não
posso adiar este abraço
que é
uma arma de dois gumes
amor e
ódio
Não
posso adiar
ainda
que a noite pese séculos sobre as costas
e a
aurora indecisa demore
não
posso adiar para outro século a minha vida
nem o
meu amor
nem o
meu grito de libertação
Não
posso adiar o coração
António Ramos Rosa,
in “O Grito Claro”, 1958
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