quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

4 de janeiro Dia Mundial do Braille




Em 4 de janeiro assinala-se o nascimento de Louis Braille , que criou um alfabeto com diferentes combinações de 1 a 6 pontos que funciona  através do toque e permite, às pessoas cegas, ler e escrever. 

O Braille é composto por 64 sinais, gravados em papel em relevo. Estes sinais são combinados em duas filas verticais e justapostas, à semelhança de um dominó. A leitura faz-se da esquerda para a direita. É utilizado em livros, caixas e folhetos de medicamentos e outros tipos de publicações. 


O CEGO

 

— «Abre a porta, Ana, abre de mansinho,

Que venho ferido, morto do caminho.»

— «Se vindes ferido, pobre coitadinho!

Ireis muito embora por outro caminho.»

— «Ai! Abre-me a porta, abre de mansinho,

Que tão cego venho, não vejo o caminho.»

— «Porta nem postigo não abro ao ceguinho,

Vá-se na má hora pelo mau caminho. »

— «Ai do pobre cego que anda sozinho

Cantando e pedindo por esse caminho!»

 

 

— «Minha mãe acorde, oiça aqui baixinho

Como canta o cego que perdeu o caminho.»

— «Se ele canta e pede, dá-lhe pão e vinho;

E o pobre cego que vá o seu caminho.»

— «O teu pão não quero, não quero o teu vinho,

Quero só que Aninhas me ensine o caminho.»

— «Toma a roca, Ana, carrega-a de linho,

Vai com o pobre cego, pô-lo a caminho.»

— «Espiou-se a roca, acabou-se o linho,

Fique embora o cego, que este é o seu caminho.»

 

 

— «Anda mais, Aninhas, mais um bocadinho,

Sou um pobre cego, não vejo o caminho.»

— «Ai! Arreda, arreda para este altinho,

Que aí vêm cavaleiros por esse caminho.»

— «Se vêm cavaleiros, vêm devagarinho,

Que há muito me tardam por este caminho.»

A cavalaria passou de mansinho...

Cego, lo meu cego (*) já via o caminho.

Montou-me a cavalo com muito carinho...

Um cego me leva... e vejo o caminho!

 

In, Romanceiro, de Almeida Garrett






  


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