Em 4 de janeiro assinala-se o nascimento de Louis Braille , que criou um alfabeto com diferentes combinações de 1 a 6 pontos que funciona através do toque e permite, às pessoas cegas, ler e escrever.
O Braille é composto por 64 sinais, gravados em papel em relevo. Estes sinais são combinados em duas filas verticais e justapostas, à semelhança de um dominó. A leitura faz-se da esquerda para a direita. É utilizado em livros, caixas e folhetos de medicamentos e outros tipos de publicações.
O CEGO
— «Abre a porta, Ana, abre de
mansinho,
Que venho ferido, morto do
caminho.»
— «Se vindes ferido, pobre
coitadinho!
Ireis muito embora por outro
caminho.»
— «Ai! Abre-me a porta, abre de
mansinho,
Que tão cego venho, não vejo o
caminho.»
— «Porta nem postigo não abro ao
ceguinho,
Vá-se na má hora pelo mau caminho.
»
— «Ai do pobre cego que anda
sozinho
Cantando e pedindo por esse
caminho!»
— «Minha mãe acorde, oiça aqui
baixinho
Como canta o cego que perdeu o
caminho.»
— «Se ele canta e pede, dá-lhe pão
e vinho;
E o pobre cego que vá o seu caminho.»
— «O teu pão não quero, não quero o
teu vinho,
Quero só que Aninhas me ensine o
caminho.»
— «Toma a roca, Ana, carrega-a de
linho,
Vai com o pobre cego, pô-lo a
caminho.»
— «Espiou-se a roca, acabou-se o
linho,
Fique embora o cego, que este é o
seu caminho.»
— «Anda mais, Aninhas, mais um
bocadinho,
Sou um pobre cego, não vejo o
caminho.»
— «Ai! Arreda, arreda para este
altinho,
Que aí vêm cavaleiros por esse
caminho.»
— «Se vêm cavaleiros, vêm
devagarinho,
Que há muito me tardam por este
caminho.»
A cavalaria passou de mansinho...
Cego, lo meu cego (*) já via o
caminho.
Montou-me a cavalo com muito
carinho...
Um cego me leva... e vejo o
caminho!
In, Romanceiro, de Almeida Garrett
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