O escritor. O homem. Um lugar
Entre os dias 12 e 28 de maio está patente, na Biblioteca da Escola Secundária Aurélia de Sousa, uma exposição sobre Eça de Queirós e a sua ligação à cidade. Com efeito, foi no Porto que Eça estudou, no Colégio da Lapa, propriedade do pai de Ramalho Ortigão que seria amigo do escritor durante toda a vida. Foi também no Colégio da Lapa, que Eça foi condiscípulo dos condes de Resende, Luís e Manuel, de quem se tornou amigo. Um dos episódios desta amizade terá sido a viagem que realizaram juntos ao Egito, para assistir à inauguração do canal do Suez. Eça de Queirós viria a casar com Emília Castro Pamplona, irmã do seu amigo Manuel, criando assim laços familiares com os Condes de Resende.
No espaço da exposição podemos ler correspondência de Eça relativa ao seu pedido de casamento, um texto de “ Uma Campanha Alegre” sobre a condição da mulher burguesa no século XIX, e por fim uma carta ao seu amigo Ramalho Ortigão, onde o escritor confessa a sua necessidade de uma mulher serena e com posses, que lhe permita escrever com tranquilidade.
O escritor, pelas suas ligações familiares, estava ligado à Quinta de Santo Ovídio, propriedade dos Condes de Resende, a partir da qual se rasgariam novos espaços de circulação e habitação da cidade do Porto, nomeadamente a Rua da Boavista e o Campo de Santo Ovídio, denominado depois da Campo da Regeneração e, finalmente, Praça da República.
No final do Sec. XIX, na sequência de um longo processo judicial, realizou-se o loteamento da Quinta de Santo Ovídio, dando origem à Rua de Álvares Cabral. Na exposição podemos observar os alçados da rua e verificamos a imponência dos Palacetes construídos lado sul. A beleza e volume das construções evidenciam a transformação social do Porto de oitocentos, e a presença de uma nova Burguesia de gosto requintado, que pretende construir habitações que testemunhem o seu poder social e financeiro
Sem comentários:
Enviar um comentário